"Há recessos desconhecidos na nossa mente que estão além do limiar da consciência relativamente construída. Não é correto designar esses recessos por subconsciência ou superconsciência. A palavra além é simplesmente usada porque é o termo mais conveniente para indicar o lugar. Mas o certo é que não há na nossa consciência nem além, nem debaixo nem em cima. A mente é um todo indivisível e não pode ser desagregada em pedaços" (D. T. Suzuki - Introdução ao Zen)

"Entrar na floresta sem mover a grama; entrar na água sem provocar nenhuma ondulação" (Zenrin Kushu)

domingo, 27 de maio de 2018

Mariposa





Dois perdidos numa noite suja / Ela me chegou muito linda / muito dada / meio fada/ meio louca / sua alma num instante fundiu-se a minha / como no provérbio chinês da mariposa / Agora não sei se sonhei ser parte dela / ou foi ela que sonhou ser parte minha

quarta-feira, 7 de março de 2018

Oco Cálamo








Oco

coco vazio

sem suco

ou

polpa

naufragado

na praia

madeira podre

que racha

ao vento

tempestuoso

que acode

cálamo

sem raiz

pendido

vazio

na lama

suja

navio fantasma

encalhado

sem porto

piloto

ou

capitão

de longo curso

que guie

fera obscura

na grota

funda

ruge serena

a espera

da noite

que afunda

em busca

da presa...





quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Amor



Do Amor cálido constante 
que te tenho
nem o tempo extingue
nossa gêmea alma
que se funde
na forja estelar de alguma
super nova distante

Do Aqui Agora
para o sempre eterno momento
do passado para o presente
futuro instante
sentimento quântico
cimitarra tântrica
forma de energia
que se perpetua
no continuum tempo...


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Miniconto Provinciano da Vida Bandalha







Pornochanchada

de boca do lixo

atores canastrões

roteiro medíocre

e inverossímil

de ópera bufa

decadente

da Cidade Baixa:


- Câmera, ação!


Ela pediu de volta

a aliança

disse que ia pendurar 

no santo

da casa dela

sumiu na porta

do Venezianos

para o consolo 

das amigas

sem sequer

um beijo

de Adeus


Nem mesmo

este canhestro poeta 

poderia inventar

tamanha ridicularia


A vida é bandalha...


Quem pode mais

chora menos

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

ALELUIA!




Ó Grande Arquiteta do Universo!

Kali dos mil nomes!

Me prosterno humilde

ao teu Imenso Poder

em mais este rito de passagem

do ciclo solar

Ínfimo ente relativo que sou

ante teu portento Absoluto

Tu que me vigias e proteges 

desde meu primeiro sopro

como chama tênue

de teu Cósmico Corpo 

Sou teu servo mais ignóbil

Teus olhos e tua voz

Teus membros

Ainda que vacilantes

Lagarta que se arrasta

nas ramagens da tua Criação

Promessa feita em meu cativeiro

entre os ímpios

de Eterna Fé Absoluta

Tu és minha Redenção

Compadecida

Destruidora dos meus inimigos

O Sendeiro da minha trilha

A Paz que se avizinha

Luz da minha eternidade...