"Há recessos desconhecidos na nossa mente que estão além do limiar da consciência relativamente construída. Não é correto designar esses recessos por subconsciência ou superconsciência. A palavra além é simplesmente usada porque é o termo mais conveniente para indicar o lugar. Mas o certo é que não há na nossa consciência nem além, nem debaixo nem em cima. A mente é um todo indivisível e não pode ser desagregada em pedaços" (D. T. Suzuki - Introdução ao Zen)

"Entrar na floresta sem mover a grama; entrar na água sem provocar nenhuma ondulação" (Zenrin Kushu)

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Amores em tempos de pandemia II




Quando a vida perde o sentido
a loucura extravasa a morte
o castelo de cartas voa
Lobo assopra a casa de palha
do que parecia ser amor eterno

Era uma vez uma princesa
que tomou um porre
como quase todo o dia tomava
e deixou-se desabar na suja sarjeta
mascara rota, malcozida
caiu na vala
vociferando opróbrios
com os demônios que carregava
em seu ventre seco
Desabou como pedra
fera ferida
xingou o mundo
até mesmo seu mais intimo amante
quebrou a bengala
da consciência e sabedoria
com seus impropérios sem sentido
e depois perdeu tudo que tinha
em apenas alguns minutos
de ira bêbada
loucura etílica plena
perversa e sem sentido
sentimento suicida
de quem por dentro
morre a cada instante
e despercebe a alma rota
remendada de passados infecundos
jogada nua na calçada
como lixo de bar do bairro boêmio

Atire a primeira pedra
quem um dia não fez o mesmo