"Há recessos desconhecidos na nossa mente que estão além do limiar da consciência relativamente construída. Não é correto designar esses recessos por subconsciência ou superconsciência. A palavra além é simplesmente usada porque é o termo mais conveniente para indicar o lugar. Mas o certo é que não há na nossa consciência nem além, nem debaixo nem em cima. A mente é um todo indivisível e não pode ser desagregada em pedaços" (D. T. Suzuki - Introdução ao Zen)

"Entrar na floresta sem mover a grama; entrar na água sem provocar nenhuma ondulação" (Zenrin Kushu)

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Basho e o Vento




O VENTO é para Basho, um sinonimo para a errância e para a fugacidade das coisas Ele se entende monge errante "em vestes que balançam com o vento." Füryú, uma expressão com a qual Bashô caracteriza sua poesia, significa literalmente "fluxo de vento" . Na cultura do Extremo Oriente, que está mais voltada à impermanencia e à metamorfose do que à identidade e à constancia, a palavra vento é utilizada com muita frequência. "Paisagem", por exemplo, significa "Vista do Vento". Em vez de se falar em paisagem (landscraft), se teria que falar em "Ventasagem" (Windscraft). Nesta perspectiva do Extremo Oriente, a paisagem perde a fixidez que é conotada com o país (land). Em troca ela recebe um sentido que flui ou que corre. ( Byung Chul-Han - Filosofia do Zen Budismo - págs114-115 - Ed. Vozes - 2019)