|
Daisetz T. Suzuki |
“O Céu e a Terra procedem da mesma Fonte; As
dez mil coisas e eu somos Um”
“Todo
o Universo não é mais que a expressão de nossa própria mente”
“O
mundo objetivo só pode sobreviver em minha própria subjetividade”
“O
mundo objetivo não existe realmente até o momento de ser experimentado e
apreendido por minha subjetividade”
“Cada
coisa está em todas as demais”
“Cada
coisa, cada objeto individual está em cada um dos outros objetos individuais”
“Isto
é Prajñâ, a Sabedoria Transcendental, e quando se alcança essa intuição, se
alcança o Zen. O Zen não é outra coisa que esse conhecimento intuitivo”
“A
Intuição é Prajñâ ou Iluminação. Isto quer dizer: nenhum ser individual
subsiste, mas existe algo que não é um objeto individual; há uma percepção de
algo e esta percepção é Intuição”
“A
mente se desprende, quer dizer, atua, funciona, fazendo frente a uma infinidade
de situações distintas. Quando a mente olha a lâmpada, a enxerga iluminada;
quando toca a mesa, a sente dura. Assim funciona a mente; quando o corpo é
golpeado, sente o golpe. A mente move-se e funciona desta forma como percepção
sensorial ao externo à medida que as coisas vem até nós. Este movimento da
mente é sumamente sutil, obscuro e misterioso”
“Quando
golpeio a mesa, sinto o golpe; mas, quem é aquele que sente? O quê é aquele que
sente? Quando tentamos surpreender a esta pessoa, mente, alma ou espírito, e
vê-lo não é possível fazer. Existe algo que se gostaria de surpreender de si
mesmo, mas resulta impossível; a alma, o espírito está em constante e sutil
movimento. Quando está atuando desta forma sutil é possível apoderar-se desse
algo que não pode ser agarrado. No instante que é apreendido, então ocorre
sabedoria real ou Prajñâ. Uma vez alcançada Prajñâ, se é absolutamente livre de
todo o pesar, aflição, ou qualquer outra circunstância semelhante”
“Esta
compreensão corresponde a Intuição. Apreender é somente agarrar e o tato,
suponho, é o mais primitivo dos sentidos, pois proporciona de imediato e direto
sentimento de identidade; daí a necessidade de agarrar, de colher com as mãos.
A visão é o mais intelectual dos sentidos, e a audição está próxima, a partir
desta perspectiva, à visão, mas há uma grande distância entre eles e seu
objeto, enquanto que no tato há uma proximidade imediata. Devemos experimentar
isso. É o mesmo que ocorre com a Intuição, não exatamente com a intuição relativa,
senão com a Intuição Coletiva ou totalizadora. Quando esta surge, há verdadeira
compreensão da realidade e verdadeira experiência de Iluminação. É isto que
constitue o ensinamento do Zen, tal como foi comunicado por Yeno, Hui-neng ou
Wei-lang no séc. VIII”
( Budismo Zen - Daisetz T. Suzuki - Ed. Kairós
- Barcelona - 1993 )
XIV - A Manifestação do Tao.
O
que vê, mas não pode ser visto
chamamos
invisível.
Seu
verdadeiro nome é “semente”.
O
que escuta, mas não pode ser ouvido
chamamos
inaudível.
Seu
verdadeiro nome é “sutil”.
O
que toca mas nunca foi tocado
chamamos
intangível.
Seu
verdadeiro nome é “diminuto”.
Trindade
esta incognoscível
que
compõem o Grande Uno.
Não
é por sua ascensão que existe a luz,
nem
por sua profundidade que existe a escuridão.
Energias
incessantes e contínuas
nenhuma
pode ser definida
e
acabam sempre revertendo ao Vazio.
A
isso dá-se o nome de forma sem forma,
imagem
do nada.
É
também denominada inevitável, indeterminada,
Caos
misterioso.
Indo
ao seu encontro não lhe vemos o rosto,
seguindo-o
não lhe vemos as costas.
Quando
para dirigir os assuntos do presente imediato
entendemos
as palavras dos antigos Sábios do passado
e
trilhamos o Caminho Perfeito
podemos
então finalmente compreender o sentido da vida
o
fio condutor do Tao
(Tao
Te King – Lao Tzu – Versão Poética: Julio Kling)
|
Lao Tzu |
A Cosmologia ou ainda o estudo da Física subatômica carecem ainda de terminologias apropriadas para explicar ou nomear a maioria dos fenômenos intrínsecos na formação do Universo, e desconhecem as razões de sua origem e finalidade. Fritjof Capra, o escritor renomado que desvendou a sincronicidade entre ciência e taoismo adivinhou que muitos dos fenômenos verificados nos grandes colisores de partículas já haviam sido intuídos e previstos pelos antigos. Através da pura intuição, utilizando o método empírico formado pela acumulação da sabedoria dos antigos estudiosos e pela observação simples dos fenômenos da natureza Lao Tzu desvendou muitos segredos, mistérios que os cientistas contemporâneos estão ainda tentando conceituar de forma adequadamente científica e estabelecer uma hermenêutica apropriada. Os termos “semente”, “sutil” e “diminuto” nos versos acima poderiam servir para designar as propriedades físicas das sub-partículas, recém descobertas pelos físicos contemporâneos, que compõem a matéria existente em todo o Universo. Fótons, múons quarks, e neutrinos que compõem a matéria existente no Universo, podem ser classificados como partículas ou ondas conforme o observador. Sem instrumentos adequados ou abstrações matemáticas, estes fenômenos são para nós intangíveis, invisíveis e inaudíveis. São estas as virtudes ou atributos que servem para classificar tais energias através de nossa mente discricionária na sua ilusão cotidiana. A força da gravidade é um exemplo clássico, fenômeno que na prática conhecemos, mas não podemos mensurar ou quantificar com nenhum instrumento sem a ajuda de cientistas de maneira conceitual ou intelectual e que só recentemente foi identificado através da interação de distantes buracos negros. Entretanto sem esta força poderosa não existiria aquilo que denominamos a realidade de nosso Universo. Sem a força gravitacional de distantes estrelas não existiria a força da inércia, nosso planeta e toda a vida nele existente seria inviável. Essa é a concepção dos antigos mestres chineses, o Universo é composto de um todo perfeitamente contínuo, os objetos aparentemente individuais agem e reagem com todos os demais no mundo físico, vibrando em ondas, dependente, por atribuição, da alternância rítmica em todos os níveis das duas forças fundamentais, o Yin e o Yang. Dessa maneira cada objeto possui sua ressonância intrínseca, integrados que estão no padrão geral de harmonia do Universo.
A atual corrente de cosmólogos pretende vislumbrar o que ocorreu antes do tempo de Planck quando logo após o Big Bang a matéria como energia passou por mudanças dramáticas naquele momento infinitesimal de tempo (10 na quadragésima terceira potência negativa segundos) quando se sucedeu a ocorrência da explosão inicial, que permitiu a expansão das três dimensões espaciais conhecidas que deu origem ao Universo como o conhecemos em sua estrutura quadridimensional (altura x largura x profundidade) ao longo da linha do tempo, a quarta dimensão, fazendo valer a Lei da Relatividade. O conceito de Vazio, tão caro aos sábios do Oriente começa a ser estudado a partir de uma visão especulativa dos grandes cientistas.
Outra questão em relação à expansão do Universo que aflige os cosmólogos é até quando ela irá ocorrer, e nesse caso, quando a energia do Big Bang chegará ao seu fim com a entropia do processo de expansão, Segundo o modelo cosmólogico o Universo como um todo surgiu de uma explosão cósmica violenta ou uma singularidade cerca de 15 bilhões de anos atrás. Hoje sabemos que os bilhões de galáxias que se formaram ainda conservam um movimento expansivo. O que os cientistas ainda não sabem é se esse crescimento cósmico continuará para sempre ou se chegará um tempo que esta expansão perderá sua energia e dará lugar a uma contração que levará o Universo a uma implosão cósmica (Big Crunch). Os cientistas envolvidos com a física das estrelas estão tentando resolver experimentalmente essa questão já que envolve parâmetros que podem ser medidos: a densidade média da matéria no Universo.
Se a densidade média da matéria for maior do que a chamada densidade crítica - cerca de um centésimo de bilionésimo de bilionésimo de bilionésimo (10 na vigésima nona potência negativa) de grama por centímetro cúbico, o que equivale a cinco átomos de hidrogênio para cada metro cúbico do Universo, então a força gravitacional que permeia o cosmos será suficiente para reverter a expansão. Se a densidade média da matéria for menor que o valor crítico, a atração gravitacional não conseguirá reverter a expansão, que continuará até o fim dos tempos. Pode-se pensar levando em conta a massa do sistema solar e das galáxias que a densidade média pode ultrapassar em muito a densidade crítica, mas isso não é ainda comprovável, pois existem grandes vazios no espaço entre os corpos celestes. Pelo estudo da distribuição das galáxias os astrofísicos têm uma ideia bem aproximada da quantidade média de matéria visível no Universo. Esse valor é significativamente menor do que a densidade crítica. Mas existem fortes indícios, tanto teóricos quanto experimentais, de que o Universo contém enormes quantidades de matéria escura. Esse é um tipo de matéria que não participa dos processos de fusão nuclear que ilumina as estrelas e, portanto não emite luz, sendo assim invisível aos observatórios ópticos. Ninguém ainda conseguiu decifrar a identidade da matéria escura e menos ainda sua massa real. Por isso o destino de nosso Universo ainda é incerto.
Para efeito de vislumbrar algumas possibilidades, amparados pela ciência, vamos supor que a densidade média da matéria supere o valor crítico e que algum dia, no futuro distante, a expansão cessará e o Universo começará a contrair-se. Todas as galáxias começarão a aproximar-se lentamente uma das outras e, com o passar das eras, a sua velocidade de aproximação aumentará cada vez mais até tornar-se estonteante. Imagine o Universo contraindo-se em uma massa cósmica cada vez menor. A partir de um tamanho máximo de muitos bilhões de anos-luz, o Universo se contrairá progressivamente, diminuindo para alguns milhões de anos-luz, sempre acelerando a velocidade de contração e, portanto fazendo com que tudo se comprima primeiro no volume de uma só galáxia, depois no de uma estrela, de um planeta, de uma laranja, de uma ervilha, um grão de areia, e, de acordo com a relatividade geral, no volume de uma molécula, de um átomo, e no final inexorável da contração cósmica, até alcançar o volume zero. De acordo com a teoria conhecida foi de um volume zero que o Universo teve início.
Conforme os antigos brâmanes é esta a definição do ocaso do dia de Brahma que retornará ao seu sono divino até o surgimento de um novo dia, isto é, uma singularidade que dê início a um novo Universo que dure mais uma miríade de eras. Segundo o mito indiano, Brahma após surgir de seu ovo de ouro, símbolo dos princípios não criados e não manifestados que compunham a base de toda a criação, e então forma o mundo material, como força fecundante e criadora da Natureza. Depois desse período, ao serem novamente os mundos destruídos, Brahma se desvanece com a natureza objetiva e vem em seguida a Noite de Brahma. O Dia de Brahma é o vastíssimo período da manifestação ou atividade do Universo, oposto à Noite de Brahma, período de dissolução e repouso, o Pralaya. Assim quando o Dia de Brahma termina e ele vai dormir, o Universo é destruído por Shiva. Quando Brahma acorda, cria novamente o Universo e um novo ciclo reinicia. E a criação é realizada por Shiva. O mito indiano pode ser interpretado como mais uma visão profética da sabedoria dos antigos ao observar a sucessão de fenômenos da natureza e do movimento das estrelas.
Será uma Mente Absoluta o agente ordenador da Criação, uma Vontade Cósmica que permeia o Todo? Era essa a noção que os sábios do passado pretendiam passar em suas mensagens esotéricas? Os mitos dos povos escondem uma sabedoria que emerge do neolítico como filosofia milenar para entendimento de alguns poucos. Enquanto o povo sempre foi convencido e catequizado através de imagens antropomórficas e zoomórficas de divindades e rituais complexos, os antigos sábios e sacerdotes do passado sabiam tratar sua fé como influência de forças titânicas que regem os caminhos da eternidade.
Do macro ao microcosmo as formas da matéria estabelecem um ordenamento próprio, em partículas viajando à velocidade da luz no Universo no plano macroscópico e também o mesmo ocorre no plano microscópico, à nível molecular, nos organismos formadores da vida e suas trocas eletroquímicas que promovem a evolução e a sobrevivência das espécies. Sinapses conduzindo a energia de elétrons que se movem em velocidades alucinantes controlando os sistemas parassimpáticos que controlam os organismos vivos e suas emoções e instintos básicos através de processos eletroquímicos. Será tudo isso fruto do acaso?
Os brâmanes chamam esta era atual de Manvatara (Manuvantara, do sânscrito = era de manu: man, humano, humanidade) O prefixo manu refere-se ao progenitor da humanidade para os brâmanes, sendo o termo Manvatara a designação de um período astronômico de medição do tempo segundo a tradição hinduísta. É o período de tempo do ciclo de existência dos planetas, da manifestação do mundo dos fenômenos que antecede o Pralaya, a dissolução. Alguns acreditam tratar-se da própria respiração da divindade que compreende os dois períodos, como expiração e inspiração cósmica. Parece corresponder a uma alegoria exata dos fenômenos cósmicos que só agora os cientistas começam a tratar, tentar entender e dar um sentido de falsa laicidade técnica a antigos conhecimentos empíricos dos sábios do passado.
O fio condutor da consciência como identidade própria da Vontade Cósmica, Ente Impessoal, sem forma material, habitando além das dimensões conhecidas e em conexão direta com nosso Universo. Habita como observador em cada individuo e no Todo. Foi testemunha da grande expansão Yang da singularidade formadora do Universo e será também testemunha do "gran finale" daqui a miríades de eras, quando tudo retornará ao começo, num processo Ying em direção à nova semente cósmica. Nossa estupefação perante a conservação da vida é a dessa Vontade também, como mencionou Schopenhauer. Existe um Algo além do Véu que nem mesmo seu Agente pode alcançar, pois senão seria conhecimento acessível a cada unidade da Criação. É por isso que ansiamos tanto desvendar os mistérios do Universo e da Vida, para levar este conhecimento à Mente Absoluta. É a Iluminação das partes que promovem a descoberta do Todo sobre o sentido da Vida. O medo da morte não é da unidade, mas do Todo que se reconhece imortal. O fio condutor da consciência continuará presente por eras, mas aquilo que chamamos "eu" não tem razão de perpetuar-se e seria na verdade uma maldição se tal ocorresse. Esta é uma hipótese, como tantas outras que habitam a literatura cosmológica, de impossível constatação científica, a partir dos atuais conhecimentos da física contemporânea.
Dentro deste conceito orgânico de Universo podemos imaginar que muitos foram os seres que atingiram nosso grau de evolução e tecnologia. Muitas devem ser as civilizações com o nosso nível de desenvolvimento que foram extintas no cosmo. Estamos também longe ainda de dar o grande passo que é a exploração de novos horizontes, presos ao planeta e qualquer grande catástrofe planetária pode significar o fim da humanidade. O planeta continua dividido em linhas imaginárias onde os grupos humanos promovem o sectarismo, o etnocentrismo e a exploração do meio e do mais fraco pelo mais forte, em escala descendente circular: do país para a nação, da tribo para o individuo, do geral para o particular. A superpopulação e a transformação dramática da biosfera e da atmosfera da terra pela humanidade marcam a nova era classificada pelos cientistas de Antropoceno.
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Stephen Hawking |
Outro grande expoente da cosmologia contemporânea, Steve Hawking,
adverte a humanidade sobre a nova era:“Os
seres humanos poderiam sobreviver se colonizassem outros planetas e estrelas
antes que o desastre ocorra,” disse ele.
“Mas agora estamos entrando em um período
particularmente perigoso, já que os seres humanos ainda não estabeleceram um
plano de backup cósmico,” acrescentou.
“Nós não vamos estabelecer colônias
autossustentáveis no espaço, pelo menos não nos próximos cem anos, então temos
que ser muito cuidadosos durante este período,” disse Hawking.
Antropoceno e a Sexta Extinção –
O termo Antropoceno (da palavra grega anthropos, homem) foi cunhado
na década de 1980, pelo cientista ambientalista americano Eugene Stoermer, para
demarcar o período geológico quando ocorreu o impacto maior das populações
humanas no planeta. Agora, porém, já merece ser oficialmente incorporado ao
vocabulário dos geólogos, afirmam os especialistas.
A proposta é defendida em um estudo publicado pela revista
"Science", liderado por Colin Waters, cientista do Serviço Geológico
Britânico. Segundo o geólogo, o Antropoceno passou a exibir a maior parte de
seus sinais distintivos a partir de 1950, e encerra a época do Holoceno, que
começou há 11.700 anos, isto é, ao fim da última glaciação.
"Os depósitos antropogênicos recentes
contém novos tipos de rochas e minerais, refletindo uma rápida disseminação
global de alumínio puro, concreto e plástico", afirma o estudo. "A
queima de combustíveis fósseis disseminou fuligem, esferas de cinza inorgânica
e partículas carbonáceas esféricas por todo o mundo."
A Comissão Internacional de Estratigrafia
vai definir em 2016 se a espécie humana é a maior força natural do planeta,
fato que não carece de maior explicação levando em conta entre outros sinais a
radioatividade já liberada em mais de dois mil testes nucleares ocorridos no
meio ambiente planetário pelo ser humano. Apesar de relativamente breve, esse
intervalo resultou em um excesso de carbono -14 - uma versão mais pesada do
átomo de carbono - que será depositado no estrato geológico em formação agora. Argumentos
para estabelecer a nova era não faltam: metade das florestas do planeta foi
destruída, mais de 50% das populações de vertebrados, o que envolve pássaros,
peixes, anfíbios, mamíferos, foram extintos, o mesmo valendo para populações de
espécies anfíbias e peixes de água doce ou marinha. Anualmente os extratores
coletam das entranhas da terra dois bilhões de toneladas de ferro, 15 milhões
de toneladas de cobre – somente os Estados Unidos extraem três bilhões de
toneladas de minérios modificando para sempre a face da Terra.
Waters e seus colaboradores apelidaram de
“tecnofósseis” esses materiais propensos a sobreviver no futuro. Ele e
pesquisadores de outras 21 instituições que assinam o estudo afirmam que o
Antropoceno já possui "estratigrafia" - a identificação de épocas
geológicas pela deposição de camadas no solo – particular e distinta daquela do
Holoceno.
Além das mudanças em camadas geológicas,
paleontólogos num futuro distante serão capazes de identificar o evento de extinção
em massa de espécies ocorrido nesta era. Trabalhos citados pelo estudo indicam
que o planeta está no rumo de perder 75% das espécies vegetais e animais nos
próximos séculos.
O estudo publicado na "Science" ainda mapeia outros
sinais da presença humana no planeta que devem perdurar ao longo das eras. Um
deles é a mudança na deposição de sedimentos causada pela urbanização, pelo
desmatamento e pela construção de represas. Aproximadamente 272 milhões de
toneladas de plásticos são produzidas em 192 países, sendo uma razoável parcela:
entre 4,8 milhões e 12 milhões são jogadas nos oceanos e navegam nas grandes
correntes do planeta, e em relação aos recursos hídricos globais 57 mil represas
construídas pela engenharia humana drenaram metade das zonas úmidas e retêm
6.500km3 de água, algo equivalente a 15% do fluxo hidrológico dos rios. Sem
contar os 2,3 gigatoneladas de sedimentos retidos nos reservatórios que nos
últimos 10 anos resultou em 85% dos deltas dos grandes rios serem inundados
pelo mar.
“A riqueza da humanidade adulta de 4,7
bilhões de pessoas é de US$240,8 trilhões (2013), 68,7%, mais de dois terços
dos indivíduos adultos situados na base da pirâmide de riqueza possuem 3% -
US$7,3 trilhões da riqueza global, com ativos de no máximo 10 mil dólares. No
topo da pirâmide – 0,7% dos adultos possuem 41% da riqueza mundial ou o
equivalente a US$98,7 trilhões de dólares. Somados os estratos superiores da
pirâmide – 393 milhões de pessoas, 8,4% da população adulta – detêm 83,3% da
riqueza global.” (Prof. Luiz Marques, da UNICAMP- Capitalismo
e Colapso Ambiental)
Para completar: 500 milhões das pessoas mais ricas no planeta, que
habitam as nações do hemisfério norte, produzem metade das emissões de CO2,
enquanto os três bilhões mais pobres emitem somente 7%.
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Carl Sagan |
Carl Sagan em sua obra: “Reflexões sobre Vida e Morte na Virada do
Milênio”, uma coletânea de seus textos editada pela esposa após sua morte,
advertiu: “O carvão, o óleo e o gás são
chamados combustíveis fósseis, porque são compostos principalmente de resíduos
fósseis de seres remotos. A energia química que existe dentro deles é uma
espécie de luz do Sol armazenada, originalmente acumulada pelas plantas
antigas. A nossa civilização funciona pela queima de resíduos de criaturas
humildes que habitaram a Terra centenas de milhões de anos antes que os
primeiros humanos aparecessem na cena. Como num terrível culto canibal,
subsistimos dos corpos mortos de nossos ancestrais e parentes distantes.”
“Essa dependência significa que as nações
tudo farão para manter suas fontes de suprimento. Os combustíveis fósseis foram
fatores importantes na condução das duas guerras mundiais. A agressão japonesa
no início da Segunda Guerra foi explicada e justificada pelo fato dos japoneses
terem sido obrigados a salvaguardar suas fontes de óleo. Como a Guerra do Golfo
Pérsico em 1991 nos lembra, a importância política e militar dos combustíveis
fósseis continua em alta.”
Segundo Carl Sagan é esta a razão principal para que os EUA
pretendam ser a polícia do mundo. Já em 1990 o importante colunista Jack
Anderson reafirmava tal política e comentava: “Num nível puramente egoísta, os norte americanos precisam do que o
mundo tem – sendo o petróleo a necessidade preeminente”. Segundo Bob Dole,
na época líder da minoria no senado, a Guerra do Golfo Pérsico – que pôs em
risco a vida de 200 mil jovens norte americana (e milhões de civis dos países
atingidos) – foi empreendida “por uma
única razão: P-E-T-R-Ó-L-E-O”.
“No entanto, agora os governos e os povos
da Terra estão se tornando gradativamente conscientes de mais outra
consequência perigosa da queima de combustíveis fósseis: se queimo um pedaço de
carvão, um galão de petróleo ou trinta centímetros cúbicos de gás natural,
estou combinando o carbono no combustível fóssil com o oxigênio do ar. Essa
reação química libera uma energia trancada há talvez 200 milhões de anos. Mas
ao combinar um átomo de carbono, C, com uma molécula do gás oxigênio, O+O,
também sintetiza uma molécula do gás dióxido de carbono, CO2”
C+O2→CO2 (Gás Estufa)
O Antropoceno também é distinto dos demais períodos do ponto de
vista da mudança climática global, causada pelo aumento da concentração de
gases do efeito estufa, dizem os pesquisadores
"As
concentrações atmosféricas de gás carbônico e metano se distanciam do Holoceno
começando por volta de 1850 e mais acentuadamente em 1950", advertem os cientistas.
As mudanças são visíveis tanto na análise
de sedimentos depositados mais recentemente quanto no gelo que vem se formando
em regiões polares há milhares de anos. Geólogos usam "testemunhos"
das eras passadas, longas colunas de geleiras perfuradas utilizando as técnicas
de perfuração dos estratos mais baixos, para analisar a composição dos gases atmosféricos capturados em bolhas no gelo e analisar a atmosfera existente há milhares de anos atrás.
Algumas mudanças detectadas são mais
sutis, mas também distintivas. Duas delas são a elevação da temperatura, que
chega a uma média global de 0,9°C acima do natural, e o aumento no nível do
mar, numa média de 3,2 mm por ano após a década de 1990. Os números podem
parecer pequenos, mas não há registro de que tenham sido assim nos últimos 14
mil anos.
Se o aquecimento global continuar
desenfreado, dizem os pesquisadores, a população humana vai encerrar não apenas
o Holoceno, uma "época geológica", mas também o Quaternário, um
"período geológico" - recorte de tempo maior, iniciado 2,6 milhões de
anos atrás.
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http://outraspalavras.net/posts/quarenta-anos-de-procrastinacao/ |
Em uma reunião na sede da Exxon Corporation na década de setenta,
um cientista sênior chamado James F. Black dirigiu-se a um grupo de poderosos
homens do petróleo. Falando sem texto enquanto passava por slides detalhados,
Black transmitiu uma séria mensagem: o dióxido de carbono oriundo do uso
mundial de combustíveis fósseis iria aquecer o planeta e poderia eventualmente
colocar a humanidade em perigo.
“Em primeiro lugar, existe um consenso
científico geral de que a maneira mais provável pela qual a humanidade estaria
influenciando o clima global seria pelo dióxido de carbono liberado na queima
de combustíveis fósseis”,
Black disse ao Comitê Gerencial da Exxon, segundo uma versão escrita que ele
registrou mais tarde.
Era julho de 1977 quando os líderes da Exxon receberam essa
avaliação contundente, bem antes de o resto do mundo ouvir falar sobre a crise
climática iminente.
Um ano depois, Black, um especialista técnico do topo da divisão
de Pesquisa e Engenharia da Exxon, levou uma versão atualizada da sua
apresentação para uma audiência maior. Ele alertou os cientistas e gerentes da
Exxon de que pesquisadores independentes haviam estimado que uma duplicação da
concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera elevaria a temperatura
média global em 2 a 3 graus Celsius (4 a 5 graus Fahrenheit), poderia
chegar a 10 graus Celsius (18 graus Fahrenheit) nos pólos. As chuvas ficariam
mais fortes em algumas regiões, e outros lugares se tornariam desertos. “De
acordo com o conhecimento atual”, ele escreveu no resumo de 1978, “estima-se
que o homem tenha uma janela de cinco a dez anos antes que a necessidade de que
decisões duras sobre mudanças nas estratégias energéticas se tornem críticas”
Vários grupos científicos têm empregado modelos computacionais
para calcular qual deverá ser o aumento da temperatura global, se, digamos
dobrar a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, o que vai acontecer se
for mantido a atual queima de combustíveis fósseis no final do século XXI. Os
principais oráculos são o Laboratório Geofísico de Dinâmica Fluída da
Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), em Princeton; o Instituto
Goddard de Estudos Espaciais da NASA, em Nova York; o Centro Nacional de
Pesquisa Atmosférica em Boulder, Colorado; o Laboratório Nacional Lawrence
Livermore do Departamento de Energia, na Califórnia; a Universidade do Estado
de Oregon; o Centro Hadley para Predição e Pesquisa Climática, no Reino Unido;
e o Instituto Max Planck de Meteorologia, em Hamburgo. Todos são unânimes em
predizer tais dados.
É o aumento mais rápido do que qualquer mudança climática
observada desde o começo da civilização. Ocorrendo a previsão mais baixa, ao
menos as sociedades industriais desenvolvidas seriam capazes de ajustar com um
pouco de esforço às circunstâncias alteradas. Ocorrendo a previsão mais alta, o
mapa climático da terra seria dramaticamente alterado, e as conseqüências tanto
para as nações ricas como para as pobres, seriam catastróficas. Em grande parte
do planeta, temos confinado as florestas e a vida selvagem em áreas não
contíguas. Esses seres serão incapazes de procurar outros lugares, quando o
clima mudar. As extinções de espécies serão mais aceleradas. Serão previstos
grandes deslocamentos humanos, que já vem ocorrendo em quantidade crescente dos
lugares mais quentes para áreas mais temperadas movidos pelas mudanças do clima
e pelos conflitos originados pela falta de alimentos e ganância dos grandes
grupos econômicos sediados em seus santuários protegidos do Primeiro Mundo. O
tapete representado pela biosfera e seu conjunto de biomas, já retalhado em
pedaços, começará a desfiar-se de forma irreversível. Milhões de pessoas, com
os filhos morrendo de fome, com muito pouco a perder, representam um problema
prático e sério para os mais ricos, como ensina a história dos conflitos e
revoluções.
A Exxon, a partir das advertências
de Black, na época, responde rapidamente. Em meses a companhia lançou sua
própria pesquisa extraordinária sobre o dióxido de carbono dos combustíveis
fósseis e seu impacto na Terra. O programa ambicioso da Exxon incluía tanto
amostragem empírica de CO2 quanto modelagem climática rigorosa. Ela reuniu
um grupo de especialistas com alto conhecimento técnico que iria dedicar mais
de uma década aprofundando o conhecimento da companhia sobre esse problema
ambiental que oferecia um risco de vida ao ramo do petróleo.
Então, ao final da década de 1980, a Exxon
diminuiu sua pesquisa sobre o dióxido de carbono. Ao invés disso, nas décadas
que se seguiram, a Exxon trabalhou na linha de frente da negação climática
(climate denial). A empresa dedicou a sua musculatura para reforçar a produção
de dúvidas sobre a realidade do aquecimento global que seus próprios cientistas
um dia constataram. Ela articulou politicamente esforços para bloquear ações
federais e internacionais de controle de emissões de gases de efeito estufa e
com isso ajudou a construir um vasto edifício de desinformação que se mantém de
pé até o dia de hoje.
A Exxon ajudou a fundar e liderar a
Coalizão Climática Global, uma aliança entre algumas das maiores companhias do
mundo que buscava deter os esforços governamentais de redução das emissões
oriundas de combustíveis fósseis através do seu lobby. A Exxon usou o American
Petroleum Institute, um think tank de direita, contribuições de campanha e seu
próprio lobby para impor uma narrativa de que a ciência climática era incerta
demais para que se exigissem reduções em emissões de combustíveis fósseis.
Enquanto a comunidade internacional se
movimentava em 1997 para dar o primeiro passo na redução de emissões via
Protocolo de Kyoto, o presidente e CEO da Exxon, Lee Raymond, defendeu a sua
interrupção.
“Concordemos
que há muito que nós ainda não sabemos realmente sobre como o clima irá mudar
no século XXI e além”,
Raymond disse em seu discurso à frente do Congresso Mundial de Petróleo em
Pequim, em outubro de 1997.
“Nós
precisamos entender melhor essa questão e, felizmente, nós temos tempo”, ele disse. “É altamente improvável que a
temperatura no meio do próximo século seja significativamente alterada se as
políticas forem adotadas agora ou daqui a 20 anos”.
Ao longo dos anos, vários cientistas da
Exxon que haviam confirmado o consenso climático durante as pesquisas iniciais,
foram para o lado de Raymond, disseminando visões que andavam na contramão do
mainstream científico mundial. Entretanto, até mesmo Carl Sagan, um cientista
conservador conhecido pelo establishment dos EUA como um astro pop da
divulgação científica, em seus últimos anos de vida, não pode deixar de alertar
os perigos que a humanidade irá enfrentar com o aquecimento global, enquanto a
Exxon insiste em permanecer na contramão visando manter seus resultados e
acalmar seus acionistas ávidos por cada vez mais lucros.
E Carl Sagan explica: “Por si só o aquecimento global não gera um clima ruim. Mas intensifica
a possibilidade de haver um clima ruim. O mau tempo certamente não requer
aquecimento global, porém todos os modelos computacionais mostram que o
aquecimento global deve ser acompanhado de aumentos significativos de mau tempo
– secas rigorosas no interior, sistemas de tempestades violentas e enchentes
perto das costas, tempo mais quente e mais frio em certas regiões, tudo
provocado por um aumento modesto na temperatura média planetária.”
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Noam Chomsky |
Noam Chomsky é com certeza uma das vozes
acadêmicas mais respeitadas no Ocidente. Sua visão dos acontecimentos atuais é
antes de tudo uma grave advertência que temos obrigação de escutar com atenção
redobrada. Uma das suas hipóteses mais interessantes sobre os conflitos
existentes hoje no planeta consiste em comparar os efeitos das intervenções
armadas do Pentágono com as conseqüências do aquecimento global.
Na guerra em Darfur (Sudão), por exemplo, convergiram os interesses das
potências ocidentais e a desertificação que expulsa toda a população das zonas
agrícolas, o que agrava e aprofunda os conflitos étnicos e religiosos na região
subsaariana. “Essas situações desembocam
em crises espantosas, e algo parecido acontece na Síria, onde se registra a
maior seca da história do país, que destruiu grande parte do sistema agrícola,
gerando deslocamentos, exacerbando tensões e conflitos”, reflete.
Chomsky acredita que a humanidade ainda não pensa com mais atenção e nem tem
consciência real sobre o que significa essa negação do aquecimento global e os
planos em longo prazo dos parlamentares republicanos norte americanos, que são
regiamente financiados pelas corporações petrolíferas, e que pretendem
acelerá-lo: “se o nível do mar continuar
subindo e se elevar muito mais rápido, poderá engolir países como Bangladesh,
afetando a centenas de milhões de pessoas. Ou os glaciares do Himalaia
diminuírem de forma abrupta, pondo em risco o fornecimento da água potável para
o sul da Ásia. O que vai acontecer com esses bilhões de pessoas? As consequências
iminentes são horrendas, este é o momento mais importante da história da
humanidade”.
Chomsky crê que estamos diante um ponto crucial da história, no qual os seres
humanos devem decidir se querem viver ou morrer: “digo isso literalmente, não vamos morrer todos, mas sim se
destruiriam as possibilidades de vida digna, e temos uma organização chamada
Partido Republicano que quer acelerar o aquecimento global. E não exagero, isso
é exatamente o que eles querem fazer”.
Logo, ele cita o Relógio do Apocalipse, para recordar que os especialistas
sustentam que na Conferência de Paris sobre o aquecimento global foi impossível
conseguir um tratado vinculante, somente acordos voluntários. “Por que?
Simples: os republicanos não aceitariam. Eles bloquearam a possibilidade de um
tratado vinculante que poderia ter feito algo para impedir essa tragédia
massiva e iminente, uma tragédia como nenhuma outra na história da humanidade.
É disso que estamos falando, não são coisas de importância menor”.
Chomsky não é de se deixar impressionar
por modas acadêmicas ou intelectuais. Seu raciocínio radical, isto é, que
alcança a raiz dos problemas e sereno busca evitar o furor, e talvez por isso
não joga palavras ao vento sobre a anunciada decadência do império. “Os Estados Unidos possuem 800 bases ao
redor do mundo e investe em seu exército tanto quanto todo o resto do mundo
junto. Ninguém tem algo assim, soldados lutando em todas as partes do mundo. A
China tem uma política principalmente defensiva, não possui um grande programa
nuclear, embora seja possível que cresça”.
O caso da Rússia é diferente. É a principal pedra no sapato da dominação do
Pentágono, porque “tem um sistema militar
enorme”. O problema é que tanto a Rússia quanto os Estados Unidos estão
ampliando seus sistemas militares, “ambos
estão atuando como se a guerra fosse possível, o que é uma loucura coletiva”.
Chomsky acredita que a guerra nuclear é irracional e que só poderia suceder em
caso de acidente ou erro humano. Contudo, ele concorda com William Perry,
ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos, que disse recentemente que a ameaça
de uma guerra nuclear hoje é maior que durante a Guerra Fria. O intelectual
estima que o risco se concentra na proliferação de incidentes que envolvem as
forças armadas de potências nucleares. A impressão que ele tem, e que expressa
em seus gestos e reflexões, é que se as potências agredidas pelos Estados
Unidos atuassem com a mesma irresponsabilidade que Washington, o destino do planeta
estaria perdido.
Aquecimento global produzido por gases de
efeito estufa, emissão de gases CFC na atmosfera, destruição de biomas com milhares
de anos de existência nos trópicos para abrigar pastagens de imensos rebanhos
de bovinos emissores de grandes quantidades de metano na atmosfera, para suprir
sua indústria de abatedouros, destruição do permafrost pelo aquecimento nas
áreas boreais, com conseqüente mais emissão de gás estufa metano na atmosfera,
exploração mineral sem limites e produção desenfreada de lixo industrial e de
consumo, conflitos de baixa intensidade, com o consequente deslocamento de
milhões de pessoas de suas moradias e a constante ameaça nuclear e o controle
cibernético crescente de povos que antes gozavam de certa liberdade individual
marcam o Antropoceno como uma nova era onde o homem deixará sua marca mortal
sobre a face da Terra, mesmo sabendo que ainda não conseguiu libertar-se da
superfície planetária para conquistar outros mundos, o que demonstra sua
perdulária ignorância e seu desprezo pelo único meio ambiente onde habita.
E assim caminha a humanidade em direção ao
desastre iminente. Poucas foram as medidas adotadas nos últimos 35 anos pelos
governos influenciados pelas grandes corporações para corrigir e eliminar a
emissão de gases estufa. Países desenvolvidos e em desenvolvimento não
conseguem chegar a um consenso, pois os baixos índices de crescimento de
produção em economias em plena recessão no início do século XXI impõem aos
governos fazer vistas grossas à questão ambiental em detrimento da questão
econômica. Os altos custos com desastres naturais, conflitos e migrações em
massa devem ser levados em conta pelas nações do mundo como uma ameaça real e
duradoura no futuro próximo.
A energia do Todo que deu origem ao Big
Bang é imensa. Possivelmente existem outros seres em situação similar no
Universo, isolados e a beira do esgotamento de seus recursos planetários
seguindo céleres em direção a extinção auto imposta em função de uma evolução
que se tornou um beco sem saída genético onde a tecnologia em vez de ser um
fator determinante de sucesso transformou-se num calcanhar de Aquiles
evolucionário. O Universo não carece do resultado de todo seu experimento vital
do ponto de vista restrito em determinado lugar específico. Como moto - continuo da evolução da matéria para a
vida elementar pode abrir mão de parte de sua criação sem maiores problemas.
Existe muita matéria prima no Todo para novas tentativas e fracassos, quase em
escala infinita. Em nosso planeta vários cataclismos já extinguiram a quase
totalidade da vida existente por milhões de anos. É o planeta que gera a vida e
mesmo sem nós continuará sua obra solitária perdido no extremo da Via Láctea,
um pequeno ponto azul entre bilhões de outros, numa galáxia imersa num
Universo com bilhões de outras galáxias similares seguindo em suas órbitas
vertiginosas pelo imenso espaço em uma rota desconhecida.