Semíramis bela cercada de finas plumas
olha absorta da bancada do jardim suspenso
o povaréu apressado em sua azáfama
na feira do mercado de Babilônia
sobe o odor impúdico do rebuliço das gentes
mercadores, mágicos e malabaristas
fazem seus reclames
encantam a plebe com seus trejeitos
as videntes mercadeiam esperança para os crédulos
outras mulheres negociam seus corpos
nas tabernas das vielas escuras e na porta do templo
punguistas ardilosos furtam velados pela multidão
no teatro de bonecos cercado de ouvintes atentos
gemidos de esmoleres com suas chagas expostas
imploram a piedade dos homens
e praguejam para os ávaros
ingênuos camponeses passantes incautos
com as bolsas cheias pela venda da safra
andam desavisados em meio aos sedentos lobos urbanos
Observa com inveja a musa divina
cativa deusa do harém do potentado
pomba prisioneira em gaiola de ouro e jóias
banhada em perfumes exóticos vindos de longe
rainha preferida entre tantas concubinas
inveja a liberdade das gentes simples
enquanto sorri melancólica
ao observar o movimento das ruas
que em vida nunca seus pés poderá tocar...
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