"Iludido pela esperança
o homem dança nos braços
da morte":
disse o filósofo pessimista
Mas ainda prefiro dançar ao vento
à espera da hora finita
como louco dervixe
cultuo o deus da vida
e assim vou vivendo
cada momento
como connoisseur
de uma adega infinda
saboreando seus espíritos
raros tesouros
sempre se guardam
em caves profundas
um gari pede uma moeda
seu trabalho é árduo
e a fome não espera
como bizarro iogue
medito assim
em jejum profundo
sobre esta comédia
de ditirambos
quando jovem
me agradavam
as palavras fúteis
e os falsos hermetismos
nas coisas escritas
vivia a existência
em correto silogismo
já não guardo hoje
da lógica da vida
alguma esperança
ao perceber até onde
a compreensão
do povo alcança
pobres e ricos ensaiam
louca dança macabra
que os levam sempre
à cova profunda
da vida nada nunca se espera
na morte não há esperança
e quando nada esperamos
a felicidade por fim
nos ilumina
ao escutar ao longe
na calle ancha
um violino e uma flauta maviosa
que atravessa em falso sonido
numa linda tarde inverna...
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